domingo, 29 de novembro de 2009

Cromatina.

O canhão de luz no céu, talvez contando as almas que vagam sem escolher caminho. Fosse o caso, criar-se-ia um mapa que ligasse cada estrela, formando conexões entre mundos tão distantes e distintos.Mas não, a luz pungente não tem esse poder. Pode sim reunir por alguns momentos essas almas, mas depois... Ah depois, são tantos caminhos, não se sabe onde cada gota de universo vai parar. Umas dizem que formar uma cúpula, tornando o falso cognato verdadeiro. Outras, cantam pelos ares que juntar é coisa dos fracos, é estar embriagado daquele psicotrópico chamado amor – uma pausa, eu diria amor carnal, posto que existem tão outros tipos de amores tão mais importantes-. Outros, não subjugando o poder do vício, resignam-se ante a força das circunstâncias, estas que delimitam a sua – sutil ou mais plausível, aparente – mediocridade.
O fato é que talvez as almas sejam como pombas. Sim, pombas. Esses animais são fascinantes. Vetores de tantas doenças e ao mesmo tempo tão belos. Dubiedade alarmante tantas vezes. Ah como a razão é enganada tão facilmente! Algumas pernas bem torneadas, lábios bem delineados, seios fartos e abdomens definidos são capazes de contar tantas histórias!
Há grande possibilidade, também, de algumas almas serem como mulas. Aquelas que resultam de um cruzamento especial e que são estéreis por isso. Quem olha para uma mula e sente da mesma forma que pelas pombas¿ Reles animais, carregam fardos alheios, carregam alheios, mas tão desencantadoras que são! Pelo sem brilho, sem a estatura de sua espécie genitora, não contam com apetrechos fundamentais, e ainda no seu rosto a marca da feiúra é intransponível. Mas elas continuam, é dever manter o trote, condicionaram-nas assim. Além de que, sua esterilidade é um consolo bastante eficaz.
Não se sabe a respeito de cruzamentos entre pombas e mulas. Mas seria estranhamente doce e interessante avistar algumas mulas com asas e bicos voando pelo céu estrelado, de cascos e pés dados.

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