segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A alma continua no corpo.

Se há destino, ele gosta de trocadilhos e peripécias infames. Um dia, eu disse (nada mais que falácia, criação de paradigma fugaz) te amo; tão logo me apunhalaram com uma nauseante traição.

Um sábado, fiz sentir que amava; noutro, a mão estava tão mais vazia que antes. Passou a carregar a massa organógena que compunha a impotência que designava o baixo coeficiente de amabilidade, aquele que demonstra empiricamente a quantia de amor que é passível de ser aplicada a um ser.

Pode-se acreditar em tamanho azar? De calma já há a brisa que sopra sem malícia pelos claros dias de verão, ao passo que meus pensamentos intempestivos semeiam as ervas dos ininterruptos e ininteligíveis e intangíveis sentimentos aterradores que culminam na insanidade incapaz de fugir à realidade.

Eis a dádiva e o carma. Pensar para racionar. Racionar para controlar. Da heteronomia à autonomia. No contraponto da alma (que não se vê, mas a intensidade abrasadora é inegável) flutuam as contradições. Não mais a dúvida de ser, mas sim, a de como ser. Ou mesmo a de quem ser.

Nos confins do estranho córtex, massa cinzenta de corpos mirabolantes, reside a estranha sensação de que tudo não passa de uma brincadeira de uma reta temporal e atemporal que mais parece uma parábola, que nem Walter Mercado, ou a sapientíssima reveladora e nada errada Mãe Diná lá do terreiro, poderia prever.



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