quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Batata.

Uma batata bem grande. A espécie Civilizius porcariae me sufoca. Emperrada na minha garganta, fazendo eu me sentir uma batata que está sendo obrigada a engolir uma outra batata problemática. E hipócrita. Até meu eu-lírico mente. O que será que cada neurônio esconde?

domingo, 29 de novembro de 2009

Cromatina.

O canhão de luz no céu, talvez contando as almas que vagam sem escolher caminho. Fosse o caso, criar-se-ia um mapa que ligasse cada estrela, formando conexões entre mundos tão distantes e distintos.Mas não, a luz pungente não tem esse poder. Pode sim reunir por alguns momentos essas almas, mas depois... Ah depois, são tantos caminhos, não se sabe onde cada gota de universo vai parar. Umas dizem que formar uma cúpula, tornando o falso cognato verdadeiro. Outras, cantam pelos ares que juntar é coisa dos fracos, é estar embriagado daquele psicotrópico chamado amor – uma pausa, eu diria amor carnal, posto que existem tão outros tipos de amores tão mais importantes-. Outros, não subjugando o poder do vício, resignam-se ante a força das circunstâncias, estas que delimitam a sua – sutil ou mais plausível, aparente – mediocridade.
O fato é que talvez as almas sejam como pombas. Sim, pombas. Esses animais são fascinantes. Vetores de tantas doenças e ao mesmo tempo tão belos. Dubiedade alarmante tantas vezes. Ah como a razão é enganada tão facilmente! Algumas pernas bem torneadas, lábios bem delineados, seios fartos e abdomens definidos são capazes de contar tantas histórias!
Há grande possibilidade, também, de algumas almas serem como mulas. Aquelas que resultam de um cruzamento especial e que são estéreis por isso. Quem olha para uma mula e sente da mesma forma que pelas pombas¿ Reles animais, carregam fardos alheios, carregam alheios, mas tão desencantadoras que são! Pelo sem brilho, sem a estatura de sua espécie genitora, não contam com apetrechos fundamentais, e ainda no seu rosto a marca da feiúra é intransponível. Mas elas continuam, é dever manter o trote, condicionaram-nas assim. Além de que, sua esterilidade é um consolo bastante eficaz.
Não se sabe a respeito de cruzamentos entre pombas e mulas. Mas seria estranhamente doce e interessante avistar algumas mulas com asas e bicos voando pelo céu estrelado, de cascos e pés dados.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Flames.

Acordar em meio ao fogo
ver as chamas
sentir as chamas

se tornar uma chama.

que queima
trucida
inebria
e destrói.

nem tempo

nem água
nem sombra
o calor é eterno.

a realidade

é comburente
a personalidade
o eminente ascendente.

nem pranto
nem desencanto
sutil encantamento
que sobre o orvalho sereno
depositou o Tormento.



Waking up in the middle of fire... or like fire.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A alma continua no corpo.

Se há destino, ele gosta de trocadilhos e peripécias infames. Um dia, eu disse (nada mais que falácia, criação de paradigma fugaz) te amo; tão logo me apunhalaram com uma nauseante traição.

Um sábado, fiz sentir que amava; noutro, a mão estava tão mais vazia que antes. Passou a carregar a massa organógena que compunha a impotência que designava o baixo coeficiente de amabilidade, aquele que demonstra empiricamente a quantia de amor que é passível de ser aplicada a um ser.

Pode-se acreditar em tamanho azar? De calma já há a brisa que sopra sem malícia pelos claros dias de verão, ao passo que meus pensamentos intempestivos semeiam as ervas dos ininterruptos e ininteligíveis e intangíveis sentimentos aterradores que culminam na insanidade incapaz de fugir à realidade.

Eis a dádiva e o carma. Pensar para racionar. Racionar para controlar. Da heteronomia à autonomia. No contraponto da alma (que não se vê, mas a intensidade abrasadora é inegável) flutuam as contradições. Não mais a dúvida de ser, mas sim, a de como ser. Ou mesmo a de quem ser.

Nos confins do estranho córtex, massa cinzenta de corpos mirabolantes, reside a estranha sensação de que tudo não passa de uma brincadeira de uma reta temporal e atemporal que mais parece uma parábola, que nem Walter Mercado, ou a sapientíssima reveladora e nada errada Mãe Diná lá do terreiro, poderia prever.



quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Banalidade


Hoje, ouvi no cursinho algumas gurias conversando na fileira anterior à minha, e uma delas disse "é triste quem não tem pernas, eu tenho, então o acontecer vai me fazer feliz". Não exatamente nessas palavras, mas em suma era esse o intuito. Eu discordo. Pelo visto essa guria tem pernas e cabeça.
Enquanto uma pessoa que não tem pernas pode pôr a culpa de sua solidão em outrem, por causa de ignorante precoceinto deste, um indivíduo que não tem cabeça fica restrito a sua consciência, juíza que o julga como único provocador de solidão em sua vida.
Ouvindo alguém dizer que é feliz - com tanta confiança - cheguei à conclusão que pessoas que não têm pernas e têm cabeça podem ser mais felizes do que pessoas que têm pernas e não têm cabeça.
Eu queria ganhar uma "cabeça", ou talvez uma cola que fosse capaz de grudar todas as pedras sem simetria que compõe a minha. Engraçado, eu tenho consciência e não possuo cabeça. Mais uma contradição. Acho que vou começar a listá-las, talvez fiquei mais fácil de organizar.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

FORA SARNEY!

"Te coloquei onde estás
Representar-me devia
Mas pior que o Satanás
Meu dinheiro tu desvias!"

Fora pra boa parte do congresso. Mas hoje gostei do Jarbas Vasconcelos (embora eu não conheça a carreira política deste surpreendente sr.) - http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL1220534-5601,00-DA+TRIBUNA+SENADOR+DO+PMDB+PEDE+SAIDA+DE+SARNEY+E+CRITICA+LULA.html.

Diante de tanta falcatrua, milhões (ou seriam bilhões?) desviados, eu fico pensando: o leite tão caro (custa quase R$ 2,50 para os consumidores, enquanto os produtores recebem menos de R$ 0,60 pelo litro), saudável e ingerido de menos pelos brasileiros... e se esse dinheiro roubado servisse para subsidiar parte do leite ao invés de famílias de políticos corruptos?
Eu, que pago minas em impostos (assim comos qualquer outro vivente deste adormecido país), gostaria de pagar menos pelo leite e também de ver menos idiotas sentados em suas confortáveis poltronas, fingindo me representar.

Projeto - "brilho indelével"

GOOD BYE, BORING SHINE.
Santa sutileza, limite tênue entre razão e inconsciência
Eu fiz bagunça, baguncei.

Inutilidade, onde começa e onde anoitece
Uma pessoa só, é perda de tempo
Mesmo construindo planos, miragens
Perder-se no inconsciente é perigoso
O retorno talvez se torne demasiado tarde
e o preço da barca que faz a travessia de volta é caro
Despende muitos sentimentos e lágrimas
Até que ponto tu te deixas levar pela correnteza¿
A milhagem corre fugaz, talvez mais que o próprio tempo distante da velocidade da luz.

Se ludibriar é tão propício,na distração é que há a verdadeira razão da existência
(na distração é onde perdura o verdadeiro âmago da existência)
Haveria imperativo maior que a busca da emoção¿
A essência da humanidade não é a cumplicidade¿
“Alone alone, always on my own “
Carregar no peito explicações e na mente imprecisões.

Se no uno surge a discórdia, o que se diz então dos opostos¿
Eu fiz bagunça e você não, eu me perdi e você encontrou algo melhor
Natural, instinto, quem escolheria o que é pior¿
Nada mais que isso é o amor
Ou algoritmos já foram criados para se apaixonar¿
Expectativas, quem não se aquiesce a elas¿
Mas a verdade se esconde por detrás do óbvio
É tão evidente que fica errada ou invisível
“I’m lost, but i’m here, and i just remember there’s a brain inside my head”
Algumas idéias incrustam-se como rubis, brilham e incendeiam os olhos
Por vezes cegam de raiva por seu fulgor indelével
Apague!
Isso já basta.

Fluxo

LUZ FLORAL
O que há de ser a beleza...
Seria ela pétalas vaidosas
Que recém desvendaram suas belas cores¿
As pétalas ocultam o ser da flor
Por detrás delas poderia se esconder Medusa
Temor refutado diante do afrodisíaco resplendor de suas curvas.

Ah flores de pétalas adormecidas!
Como sois tristes encoberta pelas pétalas
Negras, pois nunca refulgiram à luz suas maravilhas internas
Esquecidas pelo doce sabor que lhes falta à visão
Impossíveis de serem admiradas
Recolhidas em seu recanto de luz invisível
Tornam-se diminutas, intermitentes
O que acontecerá se jamais projetarem seu encanto¿
Hão de jazer sob o perene manto da solidão
Amante implacável que jamais deixa só a amada
Acorrenta e tortura sem chance de salvação.
Ou haveria possível libertador¿
Se ele soubesse o quanto clama a flor fechada
Muda, de pensamento ininteligível
Talvez se apressasse...
Ou até mesmo sairia do campo platônico
E desabrocharia a triste flor.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Receita de Panqueca
1 copo de leite
1 copo de farinha de trigo
2 ovos
1 colher de chá de sal
1 colher de chá de fermento

Bater no liquidificador.
http://www.youtube.com/watch?v=Eteqp9rmWXg&feature=channel_page

domingo, 31 de maio de 2009

Alguém ideal

Uma pessoa ideal. Não achei até agora. Seria alguém pra rir, pra chorar, discutir, amar, abraçar, fazer coisas incomuns, esquentar, apreciar uma boa música, dormir, fazer amor, dividir palavras, sonhar, fazer protesto, idealizar, ficar afastado, ficar junto, ser fonte de inspiração, ser companheiro; enfim, aprender a ser verdadeiro, sem dissimulação.

Se isso é idealizar, não sei. Provavelmente sou eu que estou longe de ser ideal.

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É incrível, dois caracteres serem a causa de uma epifania. Nada melhor do que se livrar de vontades inúteis. A parte ruim é se sentir idiota por não ter visto o óbvio. Mas analisando toda a situação, antes tarde do nunca. É bom se sentir livre novamente.

EPIFANIA

Dois símbolos jogados no além
sentidos fundamentais pra quem precisa ver
então naquela hora, epifania protelada
a janela se abriu, um universo tão real

Depois do entendimento vem a solidão
acompanhada do prazer do fim de dores vãs
tanta coisa ficou pra trás, vontades insatisfeitas
calor que já queimou agora é chuva de verão.