quinta-feira, 3 de março de 2011

Mentira.

    "O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. E os que lêem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm. E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama coração." Fernando Pessoa.
    De vez em quando masoquista Às vezes realista Sigo esta estrutura mista Que nada revela. Tal qual fivela, Prendo em cintos de vigilância A existência daquilo que gosto. Gosto? Ou minto? Ou simplesmente pressinto Que de nada nada há? O certo é que no mínimo Invento que em todo este contento Há sentimento deveras. Possuo, bem num fundo escuro Uma força que não tem unidades Somente a vaidade De se esconder fortuita Esperando que seja bem-vinda.

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