"Tenho tanto sentimento.
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.
Qual porém é a verdadeira
E qual errada,
Ninguém nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar."
Fernando Pessoa
Talvez amar seja gostar do impensável
Sentir falta do inimaginável
Compreender o ininteligível.
Mas talvez amar
Seja tão simples quanto se importar
Que existe alguém que pensa e sente
Até mesmo se excede
Só para demonstrar.
Mas talvez amar
Deveras não exista
E sim subexista
Um estereótipo barato
Falacioso e sobrepujante
Que oprime, cansa e desanima
Um ânimo já desalmado
E só corrobora aquilo que já se sabia
Que amar, meu caro
Não existe.
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